sábado, 6 de dezembro de 2014

Prevenção da diarreia

Como dito nas postagens anteriores, a etiologia da diarreia aguda pode estar relacionada com agentes infecciosos como vírus, bactérias e parasitas, ou agentes não infecciosos, como intolerância a dissacarídeos, proteínas, uso de drogas e outras condições que menos frequentemente podem iniciar a apresentação do quadro com uma diarreia. Alguns fatores podem determinar o prolongamento do quadro diarreico, salientando-se o tratamento inadequado durante o episódio agudo, a dieta incorreta, a intolerância aos carboidratos e proteínas, desmame precoce, baixa idade, desnutrição, episódios diarreicos anteriores, ambiente contaminado, hospitalização, supercrescimento bacteriano, tipo e virulência do agente infeccioso , deficiência de vitamina A, imunidade celular comprometida, uso de antibióticos e antiparasitários na fase aguda da diarreia e deficiência de micronutrientes

Diante destes múltiplos aspectos envolvidos na diarreia aguda, percebe-se que um grande e complexo número de ações, em diversos setores, seriam necessárias para fazer declinar os seus índices de ocorrência. No que tange a infraestrutura, temos: a melhoria da qualidade da água, o destino adequado de lixo e dejetos, melhoria das condições de habitação, com instalação sanitária e esgoto. É um absurdo que o Brasil, que se quer incluircomo uma sociedade em desenvolvimento, partícipe das grandes decisões mundiais, ainda apresente um índice de quase 40% de internações hospitalares por diarreias, uma doença claramente relacionada ao saneamento ambiental inadequado.


A disponibilidade de água de boa qualidade e em quantidade suficiente nos domicílios é uma das medidas com maior eficácia. A água pode ser facilmente contaminada pelos micróbios causadores das diarreias. Por isso as fontes e reservatórios de água devem ser protegidos, evitando-se o seu contato com fezes. Nas Estações de Tratamento de Água (ETA) a água que é oferecida à população, recebe um tratamento especial com produtos químicos que destroem os micróbios causadores das diarreias. Mas nem todas as comunidades recebem água tratada, abastecendo-se em barreiros, cisternas, açudes, poços, etc. Também algumas comunidades recebem água encanada, mas não de forma continuada, obrigando as pessoas a armazenarem água no domicílio, nem sempre de forma adequada. Isto contribui para que a água que chega com boa qualidade seja posteriormente contaminada.¹
Como essas medidas, devido à burocracia e aos custos, apesar da necessidade, não conseguem ter uma implementação imediata, é necessário que haja outras mais especificas e menos onerosas que tragam melhorias as vidas dos brasileiros. O acesso à reidratação oral deve ser aumentado, assim como os programas de incentivo à amamentação e os programas de educação, para diminuir a ocorrência das doenças diarreicas, entre elas a cólera, cuja transmissão é semelhante a maioria das infecções entéricas. Deve-se implementar nos serviços de saúde, programas escritos voltados especificamente para as doenças diarreicas e, sobretudo nas escolas médicas e nas outras escolas que lidam com outros profissionais de saúde, devendo-se estimular a transmissão dos conhecimentos relacionados à diarreia, sua terapêutica e prevenção. Nos Serviços de Pronto Atendimento, o pediatra deve sempre educar os pais ao atender uma criança com diarreia.

Cuidados individuais simples como lavar as mãos antes de preparar alimentos ou comer, ferver a água não tratada, caso precise bebê-la, lavar os alimentos com água fervida ou filtrada, consumir somente alimentos de procedência conhecida, evitar consumir refrigerantes ou outras bebidas direto da lata ou garrafa também ajudam a prevenir a diarreia.




Referência:
http://noticias.r7.com/saude/noticias/aprenda-como-evitar-e-curar-a-diarreia-20100120.html (acesso em 06/12/2014)
http://www.qualicorp.com.br/qualicorp/ecp/comunidade.do?app=portalsaude&idNoticia=20560&view=interna (acesso em 06/12/2014)




sábado, 29 de novembro de 2014

Desidratação e diarreia


Como já foi dito nas postagens anteriores, conquanto seja em tese uma doença simples e de curta duração, a diarreia pode apresentar quadros com diversas complicações, como desnutrição crônica, retardo do desenvolvimento do peso da estatura e do desenvolvimento intelectual e desidratação. Sendo a última a principal complicação da doença diarreica. 

Todas as faixas etárias estão sujeitas a essa intercorrência, no entanto, os bebês, as crianças e os idosos são os que estão mais sujeitos a ela e são, também, devido à fragilidade de seus organismos, os mais afetados pelas suas consequências. 

Olhos fundos, ausência de lágrimas, boca e língua secas, lábios rachados, afundamento da moleira, letargia, fraqueza generalizada, irritabilidade, confusão mental e diminuição da urina são alguns dos indícios de desidratação. Condição que é caracterizada pela perda acentuada de água e de sais minerais, principalmente, sódio e potássio. Esses dois minerais são de vital importância para o funcionamento do organismo, por conseguinte, a redução de seus níveis acarreta alterações metabólicas graves a ponto de causar risco a vida. Por isso quando o indivíduo apresenta dois ou mais sintomas de desidratação é necessário que ele procure atendimento médico. 



O primeiro passo do tratamento da desidratação ocasionada pela diarreia é a reposição de líquidos e eletrólitos, por meio do aumento da ingestão diária de água e da oferta de solução de reidratação oral ou soro caseiro. 

     
Receita de soro caseiro 
  • 1L de água 
  • 3,5g de sal 
  • 2,5g de bicarbonato de sódio 
  • 1,5g de cloreto de potássio 
  • 20g de glicose 


No que tange a alimentação, é indicado o consumo, em pequenas porções, de alimentos ricos em fibras solúveis (como a pectina, encontrada na casca da maçã, na cenoura e em frutas cítricas), pois reduz a perda de líquidos. Deve-se dar ênfase ao consumo de alimentos que dão mais consistência às fezes e ricos em potássio, como arroz, caldos de carne magra, bananas, maçãs, batatas, tomates e torradas. Enquanto que alimentos ricos em fibras insolúveis (que geram muitos resíduos intestinais), como saladas e bagaços de frutas, devem ser evitados. Alimentos muito temperados ou com alto teor de gordura (frituras, alguns cortes de carne, embutidos, etc.) também devem ser evitados, pelo menos até que a consistência das fezes volte ao normal, assim como o álcool (potente desidratante) e adoçantes à base de sorbitol (agente osmótico). 



Referências:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/214_diarreia.html
http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_frame.asp?cod_noticia=660
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/cartazes/manejo_paciente_diarreia_cartaz.pdf


sábado, 22 de novembro de 2014

Diarreia por rotavírus


Os rotavírus são os agentes virais mais importantes associados às doenças diarreicas agudas, tanto em humanos quanto em outras espécies de mamíferos. Os episódios de diarreia que eles provocam podem variar de um quadro leve, com diarreia líquida e duração limitada, a quadros graves com febre, vômitos e desidratação. 

Conquanto os rotavírus possam infectar indivíduos de todas as idades, as infecções sintomáticas, isto é, as que provocam diarreia, geralmente, só acometem crianças de seis meses a dois anos de idade. Por isso, eles têm sido a principal causa de surtos de diarreia nosocomial e em creches e pré-escolas. Mas, como os rotavírus não atingem exclusivamente essa faixa etária, eles também estão associados a surtos esporádicos de diarreia em espaços fechados como escolas, ambientes de trabalho e hospitais.

“Os rotavírus, eliminados em grande concentração nas fezes infectadas, são transmitidos pela via fecal-oral, por água, alimentos e objetos contaminados, por pessoa a pessoa, e, provavelmente, secreções respiratórias, mecanismo que permite a disseminações explosiva da doença”. ¹ Os casos de diarreia por rotavírus se concentram em países em desenvolvimento, porém, a distribuição desses vírus é universal, eles infectam pessoas de todo o mundo, de distintas classes sociais. 

Estima-se que, anualmente, os rotavírus provoquem 130 milhões de casos de diarreia no mundo, dos quais dois milhões acarretam hospitalizações de crianças abaixo de cinco anos de idade, e desses 500 mil são levados a óbito. Só nos países em desenvolvimento mais de mil crianças morrem diariamente de diarreia por rotavírus. 




O elevado índice de morbimortalidade associado à diarreia por rotavírus, fez que ficasse evidente a necessidade de medidas urgentes para a atenuação da gravidade da doença diarreica. Assim surgiu a vacina contra o rotavírus.

A vacina contra o rotavírus deve ser administrada em todas as crianças, exceto naquelas que apresentarem imunodeficiências, primárias e secundárias, ou qualquer história de doença gastrointestinal crônica. Essa vacina é aplicada por via oral em duas doses, sendo imprescindível para sua eficácia que os prazos de aplicação sejam cumpridos. 



Para a aplicação da primeira dose:
  • Deve ser aplicada aos 2 meses de idade.
  • Idade mínima de um mês e 15 dias de vida (6 semanas).
  • Idade máxima de 3 meses e 15 dias de vida (14 semanas).
Para a aplicação da segunda dose:
  • Deve ser aplicada aos 4 meses de idade.
  • Idade mínima de 3 meses e 15 dias de vida (14 semanas).
  • Idade máxima de 5 meses e 15 dias de vida (24 semanas).




Referências:

sábado, 15 de novembro de 2014

Diarreia medicamentosa

          O intestino de pessoas saudáveis é amplamente habitado por bactérias de diferentes espécies. Sendo uma parte delas “boa”, inofensiva para o organismo, ou mesmo útil para o seu funcionamento; e outra parte “má”, potencialmente nociva, capaz de desencadear doenças de modo agressivo. Por isso, esse grupo, em condições normais, tem a extensão de sua população continuamente controlada pelo equilíbrio natural do intestino. Fato que pode ser drasticamente alterado quando uma pessoa inicia um tratamento com um antibiótico.

         Porquanto, os antibióticos podem matar um grande número de bactérias boas e, consequentemente, alterar o delicado equilíbrio entre as várias bactérias da flora intestinal. Normalmente, a mudança na dinâmica populacional acarreta somente um caso ligeiro de diarreia de curta duração que desaparece rapidamente com o término do tratamento antibiótico. Ocasionalmente, no entanto, o antibiótico elimina um número tão grande de bactérias “boas”, que as bactérias “más” ficam livres parasse multiplicar descontroladamente.



              As bactérias da espécie Clostridium difficile, em particular, podem se proliferar no interior do intestino produzindo substâncias químicas que lesam a parede intestinal e que podem desencadear uma infecção denominada colite. Situação que pode causar dores abdominais, cólicas, diarreia e febre, e em casos em que a diarreia aquosa tem alta frequência, o paciente pode desenvolver um quadro de desidratação. “Uma complicação mais grave da proliferação de C. difficile pode conduzir a um tipo de inflamação intestinal denominada colite pseudomembranosa [...] em o paciente tem risco de apresentar uma distensão muito acentuada do cólon, o que pode conduzir à ocorrência de uma ruptura na parede do intestino.” ¹

            A C. difficile vive silenciosamente no intestino de aproximadamente 5% das pessoas. Os episódios de diarreia provocada por esta bactéria ocorrem ocasionalmente em adultos e crianças que não possuem outros problemas de saúde fora aquele que estavam tratando com antibiótico no momento da proliferação. E com maior frequência em idosos e pessoas que sofrem de doenças debilitantes, que fazem uso do mesmo gênero de medicamento.

Nos hospitais e nos lares de terceira idade, o C. difficile pode disseminar-se de doente para doente através das mãos não lavadas dos profissionais de saúde e também através das sanitas, dos lavatórios e de outras superfícies que tenham sido contaminadas com fezes. Segundo alguns estudos, mais de 20% dos doentes nos hospitais e lares de terceira idade apresentam uma colonização intestinal silenciosa pelo C. difficile. Em qualquer destes doentes, o tratamento com um antibiótico é tudo o que é necessário para o C. difficileproliferar e causar doença. ¹



Fontes:
http://hmsportugal.wordpress.com/2011/10/10/diarreia-associada-aos-antibioticos/ (acesso em 16/11/2014) ¹
http://www.pharmaciaessentia.com.br/blog/consumo-de-probioticos-reduz-a-diarreia-causada-por-antibioticos/ (acesso em 16/11/2014)

sábado, 8 de novembro de 2014

Efeitos diarreicos do álcool



De acordo com o Relatório Global sobre Álcool e Saúde, divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em maio deste ano, um dos principais fatores sociais associado ao consumo de álcool é o desenvolvimento econômico. Os países desenvolvidos apresentam consumo de álcool em níveis mais elevados, além de apresentarem as maiores taxas do padrão de beber pesado episódico.


Segundo o Global Status Report on Alcohol and Health, no entanto, o consumo nocivo de álcool está afetando cada vez mais as jovens gerações e os bebedores nos países em desenvolvimento. Fato preocupante, pois são estes países que estão propensos a maiores índices de mortalidade e carga global de doenças atribuídas ao álcool, como cirrose hepática e câncer no esôfago.
O álcool é absorvido no sistema gastrointestinal e nele causa muitas problemas. O álcool é tóxico para o organismo mesmo em quantidades moderadas. Ele causa danos em todas as áreas do corpo que toca, desde a cavidade oral até o intestino. Pessoas que bebem moderadamente podem desenvolver um número elevado de bactérias no intestino delgado e sofrem com problemas como cólicas e diarreias, segundo um estudo da Associação de Gastroenterologia dos Estados Unidos.


Esse aumento na população bacteriana faz que parte dos nutrientes recebidos pela alimentação não seja aproveitada pelo organismo. Os micro-organismos “roubam” esses nutrientes sobressalentes e utilizam em seus metabolismos, provocando o surgimento de gases e de alterações no funcionamento do intestino.




Ademais, o álcool irrita as mucosas do esôfago e do estômago, pode causar alterações nas membranas do intestino e prejudicar a absorção de água. A maior parte do álcool é absorvida pelo intestino delgado, a sua toxidade faz que muitas células intestinais percam a capacidade de absorver água e muitas outras morram. Consequentemente, há um derramamento do líquido do revestimento intestinal que será mal absorvido e resultará em uma diarreia secretora de grande volume.




Referências:

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/10/consumo-moderado-de-alcool-aumenta-risco-de-colicas-e-diarreias. (acesso em 08/11/2014)
htmlhttp://www.minhavida.com.br/saude/materias/13014-saiba-como-cada-parte-do-seu-corpo-sofre-com-o-excesso-de-alcool (acesso em 08/11/2014)
http://www.cisa.org.br/artigo/4429/relatorio-global-sobre-alcool-saude-2014.php (acesso em 08/11/2014)

sábado, 1 de novembro de 2014

A diarreia, o zinco e a vitamina A

        A deficiência de zinco é um problema mundial, mas, assim como a prevalência da diarreia, é difundida sobretudo entre cidadãos de países em desenvolvimento. A Organização Mundial de Saúde (OMS), em guia sobre o tratamento de diarreia, aponta a suplementação de zinco como ferramenta indispensável na redução desta patologia. 

          O zinco tem um importante papel no sistema imunológico, principalmente na redução de processos infecciosos, como diarreia e pneumonia. Inúmeros estudos comprovam a eficácia da suplementação de zinco na drástica redução da gravidade e da duração da diarreia em crianças menores de 5 anos de idade. Ademais, a continuação do tratamento por um período de 10 a 14 dias reduz a incidência dessa patologia por um período de 2 a 3 meses, demonstrando o poder curativo e profilático do zinco sobre a diarreia.


      Existe um ciclo vicioso entre a deficiência de zinco e a ocorrência de diarreia. Porquanto, ela provoca perdas intestinais deste mineral, fato que associado a uma dieta deficiente resulta em baixos teores séricos o que, por conseguinte, acaba por agravar ainda mais o quadro diarreico. Além dos motivos acima expostos, este agravo está relacionado com o papel do zinco na síntese da vitamina A, também envolvida na prevenção da diarreia.




        A hipovitaminose A causada pela carência de zinco faz que crianças com diarreia aguda ou persistente possam desenvolver rapidamente lesões oculares como, por exemplo, xeroftalmia. “Essa deficiência (de vitamina A) mesmo na forma subclínica, causa aumento de morbimortalidade infantil em função de um aumento no número de casos de infecção respiratória e de um aumento da gravidade dos episódios de diarreia.” ¹

       Estima-se que uma a cada três crianças no mundo sofram deficiência de algum micronutriente. O que as tornam mais propensas a apresentar patologias concomitantes, como a diarreia. Essas crianças habitam principalmente “áreas de baixo nível socioeconômico, tanto na área urbana quanto na rural, são deficientes marginais de micronutrientes, impossibilitadas de alcançar os seus potenciais físicos e mentais.” ²



Referências:






sábado, 25 de outubro de 2014

AIDS e Diarreia




       A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, a AIDS, é causada pelo HIV. Vírus que ataca as células de defesa do corpo, e faz que o organismo fique mais vulnerável a várias doenças, de um simples resfriados a infecções mais graves como tuberculose ou câncer. A AIDS ocorre principalmente nos países mais pobres e nos que possuem maior desigualdade social.

       Desde os primeiros casos descritos e compatíveis com a AIDS, tem-se observado a prevalência de alterações clínicas relacionadas ao trato gastrointestinal dos infectados, sobretudo, quadros diarreicos. 


O vírus da imunodeficiência humana (HIV) foi inicialmente considerado causa dos sintomas intestinais em pacientes HIV com ausência de patógenos causadores de diarreia. É comum em pacientes HIV/AIDS o encontro de apoptose, abcessos, atrofia das vilosidades, má absorção e digestão. [...] A etiologia do processo diarreico na AIDS é variável, podendo ser causada por vírus, bactérias, fungos, protozoários e helmintos, assim como pelo próprio HIV que determina efeitos diretos sobre a mucosa intestinal, produzindo a enteropatia da AIDS. [...]

[...] Muitas espécies de enteroparasitas passaram a ter importância como agentes potencialmente patogênicos para os pacientes infectados com o HIV, principalmente nos doentes com número de linfócitos T CD4 menor que 200 células/mm3. Apesar da introdução da terapia antirretroviral de alta potência (HAART) estudos realizados nos últimos anos relatam diarreia crônica em grande parte dos pacientes, mesmo após recuperação imunológica. ¹


        A diarreia nos pacientes HIV positivos leva a deterioração dos quadros clínicos e diminuição da qualidade de vida destes. Uma vez que predispõe estes pacientes às infecções entéricas o que, por sua vez, deixa-os suscetíveis a níveis baixos de alguns patógenos, que produziriam apenas leves infecções em pessoas saudáveis. Fato que agrava a imunossupressão, acelera o curso da doença e, em última instância, a morte desses pacientes.










Referências: 

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822009000500013 ¹ (acesso em 24/10/2014)

http://www.aids.gov.br/pagina/aids (acesso em 24/10/2014)

http://seujornal.com/saude/126-contrastes-nas-doencas-de-ricos-e-pobres (acesso em 24/10/2014)


sábado, 18 de outubro de 2014

Aleitamento materno x Diarreia


     
    A Semana Mundial de Aleitamento Materno, realizada no dia 01 de agosto de 2014, teve como tema: Amamentação, uma vitória para toda a vida! Neste ano, o Comitê Científico em Nutrição da ONU buscou ressaltar a importância da promoção e do apoio ao Aleitamento Materno,  junto aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Em relação ao primeiro objetivo -erradicar a fome e a pobreza extrema - foi dito:


 A amamentação exclusiva e a continuidade da amamentação por dois anos fornece a mais alta qualidade de energia e nutrientes, pode ainda ajudar a prevenir a fome e a má nutrição. A amamentação confere custo e benefício ao alimentar bebês e crianças. É acessível para todos e não sobrecarrega os orçamentos familiares, em comparação com  a alimentação artificial. ¹

      Em condições de pobreza, a amamentação tem o poder de salvar vidas, enquanto que o uso de substitutos do leite materno representa um um enorme risco à sobrevivência do bebê.  Tanto que o fenômeno do desmame precoce, causado pelo processo de industrialização e urbanização da sociedade, é apontado como um importante fator de morbimortalidade infantil no primeiro ano de vida. Muitos estudos analisam essa relação, dentre eles o "Matador de Bebês", de Mike Muller, que apresenta os resultados de uma investigação sobre os efeitos da promoção e da venda de leite em pó na saúde de bebês do Terceiro Mundo, no início da década de 60. 


     Isso porque  a amamentação é um modo insubstituível de fornecer o alimento ideal para o crescimento e desenvolvimento saudável de lactantes.  O leite materno existe com o propósito de nutrir o recém nascido, logo, possui a quantidade ideal de carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas e sais minerais de que ele necessita e é adequado ao seu organismo. Ademais,  o leite materno contém agentes imunológicos, doados pela mãe, que protegem a criança contra várias doenças. 



   Assim, para a criança de baixa renda que vive em condições precárias de higiene o aleitamento materno pode ser a diferença entre viver e morrer. A ausência do leite (antes dos quatro meses) e a introdução de outros alimentos à dieta da criança durante esse período, resultam em consequências importantes para a saúde do bebê, tais como: exposição a agentes infecciosos; contato com proteínas estranhas; prejuízo da ingestão e assimilação de elementos nutritivos.  



    No início do período de desmame ocorre a redução do consumo de nutrientes, a proteção oferecida pele leite materno desaparece e eleva-se a frequência de doenças infecciosas, como as doenças diarreicas. Os componentes celulares (monócitos,linfócitos e neutrófilos) e os componentes solúveis (proteínas, lipídios e carboidratos) do leite possuem ação antigênica e protegem os bebês de doenças diarreicas ou gastroenterites.
             
O colostro [primeiro leite produzido pela mãe após o parto] possui um fator de crescimento probiótico que promove a colonização do trato gastrointestinal infantil pelas bifidobactérias (Lactobacilus) envolvidas na produção de ácido lático, substância prejudicial ao desenvolvimento microbiano. Além disso, as bifidobactérias competem com os microrganismos exógenos  patogênicos pelo ambiente gástrico e entérico infantil. Dessa forma o leite materno prejudica diretamente o desenvolvimento de enterobactérias como: Enterobacter, Klebissella, Serratia, Shigella, E. coli, Citrobacter, que são apontadas como algumas das principais causadoras de diarreias pediátricas. ²
       
      Por isso é tão importante incentivar o aleitamento materno até pelo menos o sexto mês de vida da criança, pois é nesse ato que reside a maior estratégia de prevenção contra diarreias e promoção da saúde infantil. 



Referências:





quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Diarreia aguda: do social ao bioquímico


            A diarreia é um dos sintomas essenciais das afecções intestinais. Ela caracteriza-se pelo aumento do peso fecal diário, que passa a ser superior a 200 gramas, e pela liquefação das fezes. Ademais, está associada ao aumento da frequência das dejeções - mais de três vezes ao dia - e pode estar acompanhada de desconforto perianal, urgência e de incontinência. 


“Os principais efeitos das diarréias resultam da perda de sal e água. Nas diarréias osmóticas, a presença de drogas ou nutrientes não absorvidos e não digeridos, osmoticamente ativos, atraem fluidos para o lúmen intestinal, a secreção de água é maior do que a de sódio, com desidratação e hipernatremia. Hiponatremia, em conseqüência ao aumento da secreção de hormônio antidiurético, pode ocorrer. O volume intraluminal aumentado pode estimular o desenvolvimento de ondas propulsoras que levam ao aumento das dejeções. A depleção de potássio ocorre em qualquer que seja o mecanismo da diarréia. O esvaziamento prematuro causado por irritabilidade ou inflamação diminui o tempo de contato entre a mucosa intestinal e conteúdo luminal, fazendo com que as fezes fiquem liquefeitas e as evacuações mais freqüentes.” ¹
As diarreias podem ser classificadas em alta e baixa, de acordo com a localização anatômica, e em aguda e crônica, em relação ao tempo de duração.
As diarreias agudas são caracterizadas pelo início súbito e pela duração inferior a três semanas, existem, no entanto,  casos esporádicos em que elas perduram por até oito semanas. A transmissão dos seus agentes etiológicos é fecal-oral, e dá-se por contato direto (mãos) ou indireto (utensílios domésticos, água e alimentos).
          80% das diarreias agudas são causadas por infecções bacterianas, parasitarias, protozoárias ou virais. A porcentagem restante decorre de: fungos; contaminação alimentar; medicamentos; ingestão de agentes não absorvíveis; isquemia intestinal; impactação fecal; inflamação pélvica.


Nos ambulatórios pediátricos públicos ou privados, a diarreia aguda é, até o segundo ano de vida, a doença de maior frequência, e após essa idade, sua ocorrência só é suplantada pelas doenças respiratórias.  Em certas áreas geográficas, as taxas de ataque variam de 2 a 12 episódios por criança ao ano. 
No Brasil, admite-se que 28 milhões de crianças menores de cinco anos estejam sob risco de apresentarem diarreia e suas complicações. No Nordeste, a diarreia é a causa mais importante de morte na população pediátrica de menor idade. Fato consonante a estudos que revelam que a grande incidência da diarreia aguda ocorre no primeiro ano de vida, quando a mortalidade e a morbidade é também mais frequente.
As crianças de baixa idade que vivem em precárias condições sociais e econômicas são, contudo, as que mais estão sujeitas as complicações dessa intercorrência. São elas que mais são levadas a óbito por ela, que tem seu crescimento interrompido e que são acometidas pela desnutrição ou tem agravada aquela já possuíam.


A criança que apresenta vários casos de diarreia aguda durante um ano ou que morre em decorrência de um episódio diarreico reflete a confluência de fatores físicos e de fatores sociais desfavoráveis.  Dentre os fatores físicos se têm: condições adversas de gestação; má nutrição materna; baixo peso ao nascer; desmame precoce; nutrição e estado imunitário desfavoráveis. E dentre os sociais estão: precárias condições de habitação; higiene e saneamento inadequados; distribuição de água se má qualidade; ignorância dos pais, ambiente. Estes fatores, quando interligados, se intensificam e determinam elevados índices de morbidade e mortalidade.
Na próxima postagem abordaremos, bioquímica e socialmente, as diarreias crônicas.

Referências:
¹ http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1459 (acesso em 08/10/2014)
http://www.gesepfepar.com/semiologia/gastroenterologia/diarreia.pdf (acesso em 08/10/2014)
http://www.fisfar.ufc.br/petmedicina/images/stories/diarreias.pdf (acesso em 08/10/2014)
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292002000200004 (acesso em 08/10/2014)
http://drauziovarella.com.br/letras/d/diarreia/ (acesso em 08/10/2014)
www.medicina.ufba.br/educacao_medica/graduacao/dep_pediatria/disc_pediatria/disc_prev_social/roteiros/diarreia/diarreia_aguda.pdf (acesso em 08/10/2014)


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Diarreia: do social ao bioquímico

N
o passado, as condições sanitárias inadequadas das cidades e o desconhecimento da etiologia das doenças infecciosas por parte da sociedade, fizeram que grandes epidemias assolassem as noções, dizimando suas populações e, por conseguinte, limitando os seus crescimentos demográficos. Hoje, a despeito dos grandes avanços científicos e tecnológicos, essa ainda é uma realidade vigente em certas regiões do mundo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o saneamento básico precário como um fator prevalente no rol de agentes que ameaçam a saúde humana. Sendo esse, portanto, um problema de saúde pública, visto que o saneamento básico de qualidade reduz drasticamente a exposição da sociedade a vetores patológicos, o que, evidentemente, previne doenças e eleva a qualidade de vida da população.
Conquanto seja um problema presente em diversas regiões do mundo e afete pessoas de todas as classes sociais, a falta de saneamento básico está fortemente associada a países em desenvolvimento e à pobreza. Tendo em vista que os problemas que dela decorrem afetam, principalmente, a parcela da população de baixa renda que está mais vulnerável por se encontrar em estado de subnutrição e, muitas vezes, por falta de condições, possuir uma higiene inadequada.


São inúmeras as doenças vinculadas à falta de saneamento, dentre elas destaca-se a diarreia, uma doença de fácil prevenção, mas que ainda causa milhões de mortes todos os anos. Estima-se que dois milhões de crianças ao redor do mundo morram vítimas de diarreia, sendo essa a terceira maior causa de morte em crianças menores de cinco anos nos países mais pobres. E ao se somar esse número ao de mortes das demais faixas etárias, se obtém um total semelhante ao de óbitos anuais por AIDS, que é estimado em 2,1 milhões.
O estudo “Esgotamento Sanitário Inadequado e Impactos na Saúde da População”, divulgado pelo instituto Trata Brasil em 2013, reitera a existência da associação entre o saneamento básico precário, pobreza e índices de internação por diarreia. Ademais, revela que as diarreias correspondem a mais de 50% das doenças relacionadas a saneamento básico inadequado no Brasil.
Diversos exemplos podem corroborar essa pesquisa. No Amazonas, em março deste ano, cerca de 100 moradores de Nova Olinda do Norte – comunidade ribeirinha a 135 km de Manaus – foram diagnosticados com diarreia após ingerirem água contaminada por dejetos da cheia. Em Alagoas, só este ano, mais de 50 pessoas morreram vítimas de diarreia. Pessoas que devido à falta de outras reservas, foram obrigadas a ingerirem água com qualidade incompatível com o consumo humano, e frequentemente contaminada.
A diarreia pode se dá por meio da contaminação com agentes patológicos como vírus, bactérias e parasitas. Compreender as diversas etiologias das diarreias é importante para que se possa identificar e diferenciar aquelas formas potencialmente graves, com risco de morte, daquelas mais benignas, auto limitadas. E assim, utilizar o tratamento mais indicado. Nos países em desenvolvimento, os agentes bacterianos possuem maior relevância devido às condições de higiene e saneamento básico da população. Enquanto que, nos países industrializados, os agentes virais são os principais contaminadores.
Existem quatro principais mecanismos que alteram a fisiologia intestinal e podem provocar a diarreia, são eles:

  1.    Aumento na secreção de líquidos e eletrólitos, principalmente no intestino delgado;
  2.     Absorção diminuída de líquidos e eletrólitos, envolvendo o intestino delgado e cólon;
  3.      Aumento na osmolaridade
  4.      Distúrbios da motilidade
Nas próximas postagens, iniciaremos uma discussão mais aprofundada dos mecanismos de contaminação, bem como as alterações bioquímicas que esses agentes patológicos provocam no organismo humano.

Referências: