A diarreia é um dos sintomas essenciais das afecções intestinais. Ela caracteriza-se pelo aumento do peso fecal diário, que passa a ser superior a 200 gramas, e pela liquefação das fezes. Ademais, está associada ao aumento da frequência das dejeções - mais de três vezes ao dia - e pode estar acompanhada de desconforto perianal, urgência e de incontinência.
“Os
principais efeitos das diarréias resultam da perda de sal e água. Nas diarréias
osmóticas, a presença de drogas ou nutrientes não absorvidos e não digeridos,
osmoticamente ativos, atraem fluidos para o lúmen intestinal, a secreção de
água é maior do que a de sódio, com desidratação e hipernatremia. Hiponatremia,
em conseqüência ao aumento da secreção de hormônio antidiurético, pode ocorrer.
O volume intraluminal aumentado pode estimular o desenvolvimento de ondas
propulsoras que levam ao aumento das dejeções. A depleção de potássio ocorre em
qualquer que seja o mecanismo da diarréia. O esvaziamento prematuro causado por
irritabilidade ou inflamação diminui o tempo de contato entre a mucosa
intestinal e conteúdo luminal, fazendo com que as fezes fiquem liquefeitas e as
evacuações mais freqüentes.” ¹
As diarreias podem ser classificadas em
alta e baixa, de acordo com a localização anatômica, e em aguda e crônica, em
relação ao tempo de duração.
As diarreias agudas são caracterizadas
pelo início súbito e pela duração inferior a três semanas, existem, no entanto,
casos esporádicos em que elas perduram por até oito semanas. A
transmissão dos seus agentes etiológicos é fecal-oral, e dá-se por contato
direto (mãos) ou indireto (utensílios domésticos, água e alimentos).
80% das diarreias agudas são causadas por infecções bacterianas,
parasitarias, protozoárias ou virais. A porcentagem restante decorre de:
fungos; contaminação alimentar; medicamentos; ingestão de agentes não
absorvíveis; isquemia intestinal; impactação fecal; inflamação pélvica.
Nos ambulatórios pediátricos públicos
ou privados, a diarreia aguda é, até o segundo ano de vida, a doença de maior
frequência, e após essa idade, sua ocorrência só é suplantada pelas doenças
respiratórias. Em certas áreas geográficas, as taxas de ataque variam de
2 a 12 episódios por criança ao ano.
No Brasil, admite-se que 28 milhões de
crianças menores de cinco anos estejam sob risco de apresentarem diarreia e
suas complicações. No Nordeste, a diarreia é a causa mais importante de morte
na população pediátrica de menor idade. Fato consonante a estudos que revelam
que a grande incidência da diarreia aguda ocorre no primeiro ano de vida,
quando a mortalidade e a morbidade é também mais frequente.
As crianças de baixa idade que vivem em
precárias condições sociais e econômicas são, contudo, as que mais estão
sujeitas as complicações dessa intercorrência. São elas que mais são levadas a
óbito por ela, que tem seu crescimento interrompido e que são acometidas pela
desnutrição ou tem agravada aquela já possuíam.
A criança que apresenta vários casos de
diarreia aguda durante um ano ou que morre em decorrência de um episódio diarreico
reflete a confluência de fatores físicos e de fatores sociais desfavoráveis.
Dentre os fatores físicos se têm: condições adversas de gestação; má
nutrição materna; baixo peso ao nascer; desmame precoce; nutrição e estado
imunitário desfavoráveis. E dentre os sociais estão: precárias condições de
habitação; higiene e saneamento inadequados; distribuição de água se má
qualidade; ignorância dos pais, ambiente. Estes fatores, quando interligados,
se intensificam e determinam elevados índices de morbidade e mortalidade.
Na próxima postagem abordaremos,
bioquímica e socialmente, as diarreias crônicas.
Referências:
¹ http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1459
(acesso em 08/10/2014)
http://www.gesepfepar.com/semiologia/gastroenterologia/diarreia.pdf
(acesso em 08/10/2014)
http://www.fisfar.ufc.br/petmedicina/images/stories/diarreias.pdf
(acesso em 08/10/2014)
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292002000200004
(acesso em 08/10/2014)
http://drauziovarella.com.br/letras/d/diarreia/ (acesso em 08/10/2014)
www.medicina.ufba.br/educacao_medica/graduacao/dep_pediatria/disc_pediatria/disc_prev_social/roteiros/diarreia/diarreia_aguda.pdf
(acesso em 08/10/2014)
Muito interessante entender do que se trata uma diarreia aguda e seus perigos. Vale ressaltar que existem medicamentos antidiarréicos que diminuem a frequência das evacuações e que aumentam a consistência das fezes, visando maior conforto até a resolução do quadro, podem ser usados com segurança, pelos adultos, respeitados critérios médicos. Os antidiarréicos mais usados em nosso meio são à base de loperamida, difenoxilato, racecadotril ou carvão vegetal. O conhecido Elixir Paregórico, um derivado opióide, apesar do bom efeito no alívio dos sintomas, teve seu uso restrito pelas medidas de controle de medicamentos por conter substâncias potencialmente causadoras de adição.Deve-se dar atenção também para a manutenção de uma ingestão líquida adequada a fim de evitar a desidratação, perigo que é maior em crianças pequenas e em idosos. Aguardo novas postagens
ResponderExcluirÓtima postagem sobre os tipos de diarreia. Ficou bem claro que a doença resulta de uma mistura de fatores físicos e socias desfavoráveis e que os mais pobres estão mais suscetíveis à ela. Porém, há algo em comum em todos os diferentes tipos que é a grande perca de água e de sais minerais em virtude de sua menor absorção pelo intestino grosso. Adultos têm resistência mais elevada, mas bebês, crianças, idosos e pessoas debilitadas tendem a desidratar-se com facilidade, o que exige rápidos cuidados para contenção da crise de diarreia. Dessa forma, é aconselhado que quem sofre de diarreia beba bastante água.
ResponderExcluirAchei o post sobre a diarreia aguda bastante informativo, principalmente pela sua importância na análise dos fatores de mortalidade infantil ("a diarreia é a causa mais importante de morte na população pediátrica de menor idade"). Vale acrescentar, nesse caso, a importância do aleitamento materno para evitar a contaminação da criança ( "80% das diarreias agudas são causadas por infecções bacterianas, parasitarias, protozoárias ou virais") e o agravamento da doença. O leite materno possui anticorpos e outros fatores que contribuem para o fortalecimento do frágil sistema imunológico infantil, além de que o aleitamento materno exclusivo evita que as crianças tenham contato com agentes patógenos presentes nos alimentos e em mamadeiras. Uma criança bem nutrida e com um sistema imunológico forte tem chances bem menores de contrair essa doença ou de morrer por causa dela. Logo, são fundamentais os programas de estímulo à amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida, principalmente junto à população mais carente, sujeita a um maior risco de contaminação devido às precárias condições de higiene e saneamento básico onde vivem.
ResponderExcluirA diarreia aguda ainda é uma das principais causas da mortalidade infantil. A falta de saneamento básico, por exemplo, está diretamente ligado a essa doença, visto que as condições insalubres de moradia favorecem a contaminação por microrganismos. Assim, investimentos em saneamento básico torna-se uma medida obrigatória visando a redução da diarreia aguda, principalmente em crianças, reduzindo assim a mortalidade infantil. Além disso, visando o combate à diarreia, a Unicef estabelece um plano de sete pontos: como medidas de tratamento estabelece a substituição de líquidos para evitar a desidratação, a administração de zinco, que reduz a gravidade da doença. Entre as medidas de prevenção, o saneamento básico, higiene das mãos, a melhorias da qualidade da água, aleitamento materno e etc. Por essas medidas constata-se que a solução para a diarreia aguda depende tanto da sociedade e, principalmente, do poder público (por meio de um combate mais efetivo do problema).
ResponderExcluirA diarreia é sem dúvida uma afecção que acomete principalmente os países subdesenvolvidos, pois é desencadeada pela falta de higiene.
ResponderExcluirMas essa falta de higiene tem alguns agentes provocantes que é a falta de educação e a falta de boas condições de saúde e moradia, logo é um problema de saúde que precisa ser resolvido primeiramente combatendo esses aspectos sócio-econômicos que são fatores desencadeantes.
A diarreia ainda hoje continua sendo um problema de saúde pública. Apesar das melhorias nas condições de saúde da população, muitos grupos populacionais ainda vivem em bolsões de pobreza e em periferias, sem acesso a saneamento básico. Outro fato destacado no post são as suas consequências no desenvolvimento infantil. A diarreia provoca perda de líquidos e sais minerais levando à desidratação, e sua cronicidade pode ocasionar desnutrição e prejuízos ao crescimento e desenvolvimento dessas crianças. Desse modo, são de grande importância os trabalhos na educação em saúde visando os bons hábitos de higiene, e também os investimentos em saneamento básico, para que este seja disponibilizado a toda a população.
ResponderExcluirA diarreia é um problema muito simples de ser resolvido, mas ainda assim é uma das maiores causas de morte infantil no mundo. O organismo da criança é muito frágil, apresenta poucas reservas, e está em desenvolvimento. Dessa maneira, alterações fisiológicas que no adulto seriam revertidas facilmente, como uma diarreia, em uma criança pode não haver tempo suficiente para sua recuperação, e durante a infecção já venha a morte, por demasiada perda de água e sais minerais, ocorrendo então complicações nas reações metabólicas. Porém, essa situação ainda perdura justamente por que a diarreia é uma doença causada principalmente por más condições sanitárias, o que ocorre basicamente nas parcelas pobres da sociedade. Dessa maneira, não existe uma comoção social significativa para reverter essa situação. É necessário mais investimento em saneamento básico e conscientização da população para boas práticas de higiene, além de um aumento nas missões humanitárias internacionais em países com maior presença desse tipo de dificuldade.
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