sábado, 29 de novembro de 2014

Desidratação e diarreia


Como já foi dito nas postagens anteriores, conquanto seja em tese uma doença simples e de curta duração, a diarreia pode apresentar quadros com diversas complicações, como desnutrição crônica, retardo do desenvolvimento do peso da estatura e do desenvolvimento intelectual e desidratação. Sendo a última a principal complicação da doença diarreica. 

Todas as faixas etárias estão sujeitas a essa intercorrência, no entanto, os bebês, as crianças e os idosos são os que estão mais sujeitos a ela e são, também, devido à fragilidade de seus organismos, os mais afetados pelas suas consequências. 

Olhos fundos, ausência de lágrimas, boca e língua secas, lábios rachados, afundamento da moleira, letargia, fraqueza generalizada, irritabilidade, confusão mental e diminuição da urina são alguns dos indícios de desidratação. Condição que é caracterizada pela perda acentuada de água e de sais minerais, principalmente, sódio e potássio. Esses dois minerais são de vital importância para o funcionamento do organismo, por conseguinte, a redução de seus níveis acarreta alterações metabólicas graves a ponto de causar risco a vida. Por isso quando o indivíduo apresenta dois ou mais sintomas de desidratação é necessário que ele procure atendimento médico. 



O primeiro passo do tratamento da desidratação ocasionada pela diarreia é a reposição de líquidos e eletrólitos, por meio do aumento da ingestão diária de água e da oferta de solução de reidratação oral ou soro caseiro. 

     
Receita de soro caseiro 
  • 1L de água 
  • 3,5g de sal 
  • 2,5g de bicarbonato de sódio 
  • 1,5g de cloreto de potássio 
  • 20g de glicose 


No que tange a alimentação, é indicado o consumo, em pequenas porções, de alimentos ricos em fibras solúveis (como a pectina, encontrada na casca da maçã, na cenoura e em frutas cítricas), pois reduz a perda de líquidos. Deve-se dar ênfase ao consumo de alimentos que dão mais consistência às fezes e ricos em potássio, como arroz, caldos de carne magra, bananas, maçãs, batatas, tomates e torradas. Enquanto que alimentos ricos em fibras insolúveis (que geram muitos resíduos intestinais), como saladas e bagaços de frutas, devem ser evitados. Alimentos muito temperados ou com alto teor de gordura (frituras, alguns cortes de carne, embutidos, etc.) também devem ser evitados, pelo menos até que a consistência das fezes volte ao normal, assim como o álcool (potente desidratante) e adoçantes à base de sorbitol (agente osmótico). 



Referências:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/214_diarreia.html
http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_frame.asp?cod_noticia=660
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/cartazes/manejo_paciente_diarreia_cartaz.pdf


sábado, 22 de novembro de 2014

Diarreia por rotavírus


Os rotavírus são os agentes virais mais importantes associados às doenças diarreicas agudas, tanto em humanos quanto em outras espécies de mamíferos. Os episódios de diarreia que eles provocam podem variar de um quadro leve, com diarreia líquida e duração limitada, a quadros graves com febre, vômitos e desidratação. 

Conquanto os rotavírus possam infectar indivíduos de todas as idades, as infecções sintomáticas, isto é, as que provocam diarreia, geralmente, só acometem crianças de seis meses a dois anos de idade. Por isso, eles têm sido a principal causa de surtos de diarreia nosocomial e em creches e pré-escolas. Mas, como os rotavírus não atingem exclusivamente essa faixa etária, eles também estão associados a surtos esporádicos de diarreia em espaços fechados como escolas, ambientes de trabalho e hospitais.

“Os rotavírus, eliminados em grande concentração nas fezes infectadas, são transmitidos pela via fecal-oral, por água, alimentos e objetos contaminados, por pessoa a pessoa, e, provavelmente, secreções respiratórias, mecanismo que permite a disseminações explosiva da doença”. ¹ Os casos de diarreia por rotavírus se concentram em países em desenvolvimento, porém, a distribuição desses vírus é universal, eles infectam pessoas de todo o mundo, de distintas classes sociais. 

Estima-se que, anualmente, os rotavírus provoquem 130 milhões de casos de diarreia no mundo, dos quais dois milhões acarretam hospitalizações de crianças abaixo de cinco anos de idade, e desses 500 mil são levados a óbito. Só nos países em desenvolvimento mais de mil crianças morrem diariamente de diarreia por rotavírus. 




O elevado índice de morbimortalidade associado à diarreia por rotavírus, fez que ficasse evidente a necessidade de medidas urgentes para a atenuação da gravidade da doença diarreica. Assim surgiu a vacina contra o rotavírus.

A vacina contra o rotavírus deve ser administrada em todas as crianças, exceto naquelas que apresentarem imunodeficiências, primárias e secundárias, ou qualquer história de doença gastrointestinal crônica. Essa vacina é aplicada por via oral em duas doses, sendo imprescindível para sua eficácia que os prazos de aplicação sejam cumpridos. 



Para a aplicação da primeira dose:
  • Deve ser aplicada aos 2 meses de idade.
  • Idade mínima de um mês e 15 dias de vida (6 semanas).
  • Idade máxima de 3 meses e 15 dias de vida (14 semanas).
Para a aplicação da segunda dose:
  • Deve ser aplicada aos 4 meses de idade.
  • Idade mínima de 3 meses e 15 dias de vida (14 semanas).
  • Idade máxima de 5 meses e 15 dias de vida (24 semanas).




Referências:

sábado, 15 de novembro de 2014

Diarreia medicamentosa

          O intestino de pessoas saudáveis é amplamente habitado por bactérias de diferentes espécies. Sendo uma parte delas “boa”, inofensiva para o organismo, ou mesmo útil para o seu funcionamento; e outra parte “má”, potencialmente nociva, capaz de desencadear doenças de modo agressivo. Por isso, esse grupo, em condições normais, tem a extensão de sua população continuamente controlada pelo equilíbrio natural do intestino. Fato que pode ser drasticamente alterado quando uma pessoa inicia um tratamento com um antibiótico.

         Porquanto, os antibióticos podem matar um grande número de bactérias boas e, consequentemente, alterar o delicado equilíbrio entre as várias bactérias da flora intestinal. Normalmente, a mudança na dinâmica populacional acarreta somente um caso ligeiro de diarreia de curta duração que desaparece rapidamente com o término do tratamento antibiótico. Ocasionalmente, no entanto, o antibiótico elimina um número tão grande de bactérias “boas”, que as bactérias “más” ficam livres parasse multiplicar descontroladamente.



              As bactérias da espécie Clostridium difficile, em particular, podem se proliferar no interior do intestino produzindo substâncias químicas que lesam a parede intestinal e que podem desencadear uma infecção denominada colite. Situação que pode causar dores abdominais, cólicas, diarreia e febre, e em casos em que a diarreia aquosa tem alta frequência, o paciente pode desenvolver um quadro de desidratação. “Uma complicação mais grave da proliferação de C. difficile pode conduzir a um tipo de inflamação intestinal denominada colite pseudomembranosa [...] em o paciente tem risco de apresentar uma distensão muito acentuada do cólon, o que pode conduzir à ocorrência de uma ruptura na parede do intestino.” ¹

            A C. difficile vive silenciosamente no intestino de aproximadamente 5% das pessoas. Os episódios de diarreia provocada por esta bactéria ocorrem ocasionalmente em adultos e crianças que não possuem outros problemas de saúde fora aquele que estavam tratando com antibiótico no momento da proliferação. E com maior frequência em idosos e pessoas que sofrem de doenças debilitantes, que fazem uso do mesmo gênero de medicamento.

Nos hospitais e nos lares de terceira idade, o C. difficile pode disseminar-se de doente para doente através das mãos não lavadas dos profissionais de saúde e também através das sanitas, dos lavatórios e de outras superfícies que tenham sido contaminadas com fezes. Segundo alguns estudos, mais de 20% dos doentes nos hospitais e lares de terceira idade apresentam uma colonização intestinal silenciosa pelo C. difficile. Em qualquer destes doentes, o tratamento com um antibiótico é tudo o que é necessário para o C. difficileproliferar e causar doença. ¹



Fontes:
http://hmsportugal.wordpress.com/2011/10/10/diarreia-associada-aos-antibioticos/ (acesso em 16/11/2014) ¹
http://www.pharmaciaessentia.com.br/blog/consumo-de-probioticos-reduz-a-diarreia-causada-por-antibioticos/ (acesso em 16/11/2014)

sábado, 8 de novembro de 2014

Efeitos diarreicos do álcool



De acordo com o Relatório Global sobre Álcool e Saúde, divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em maio deste ano, um dos principais fatores sociais associado ao consumo de álcool é o desenvolvimento econômico. Os países desenvolvidos apresentam consumo de álcool em níveis mais elevados, além de apresentarem as maiores taxas do padrão de beber pesado episódico.


Segundo o Global Status Report on Alcohol and Health, no entanto, o consumo nocivo de álcool está afetando cada vez mais as jovens gerações e os bebedores nos países em desenvolvimento. Fato preocupante, pois são estes países que estão propensos a maiores índices de mortalidade e carga global de doenças atribuídas ao álcool, como cirrose hepática e câncer no esôfago.
O álcool é absorvido no sistema gastrointestinal e nele causa muitas problemas. O álcool é tóxico para o organismo mesmo em quantidades moderadas. Ele causa danos em todas as áreas do corpo que toca, desde a cavidade oral até o intestino. Pessoas que bebem moderadamente podem desenvolver um número elevado de bactérias no intestino delgado e sofrem com problemas como cólicas e diarreias, segundo um estudo da Associação de Gastroenterologia dos Estados Unidos.


Esse aumento na população bacteriana faz que parte dos nutrientes recebidos pela alimentação não seja aproveitada pelo organismo. Os micro-organismos “roubam” esses nutrientes sobressalentes e utilizam em seus metabolismos, provocando o surgimento de gases e de alterações no funcionamento do intestino.




Ademais, o álcool irrita as mucosas do esôfago e do estômago, pode causar alterações nas membranas do intestino e prejudicar a absorção de água. A maior parte do álcool é absorvida pelo intestino delgado, a sua toxidade faz que muitas células intestinais percam a capacidade de absorver água e muitas outras morram. Consequentemente, há um derramamento do líquido do revestimento intestinal que será mal absorvido e resultará em uma diarreia secretora de grande volume.




Referências:

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/10/consumo-moderado-de-alcool-aumenta-risco-de-colicas-e-diarreias. (acesso em 08/11/2014)
htmlhttp://www.minhavida.com.br/saude/materias/13014-saiba-como-cada-parte-do-seu-corpo-sofre-com-o-excesso-de-alcool (acesso em 08/11/2014)
http://www.cisa.org.br/artigo/4429/relatorio-global-sobre-alcool-saude-2014.php (acesso em 08/11/2014)

sábado, 1 de novembro de 2014

A diarreia, o zinco e a vitamina A

        A deficiência de zinco é um problema mundial, mas, assim como a prevalência da diarreia, é difundida sobretudo entre cidadãos de países em desenvolvimento. A Organização Mundial de Saúde (OMS), em guia sobre o tratamento de diarreia, aponta a suplementação de zinco como ferramenta indispensável na redução desta patologia. 

          O zinco tem um importante papel no sistema imunológico, principalmente na redução de processos infecciosos, como diarreia e pneumonia. Inúmeros estudos comprovam a eficácia da suplementação de zinco na drástica redução da gravidade e da duração da diarreia em crianças menores de 5 anos de idade. Ademais, a continuação do tratamento por um período de 10 a 14 dias reduz a incidência dessa patologia por um período de 2 a 3 meses, demonstrando o poder curativo e profilático do zinco sobre a diarreia.


      Existe um ciclo vicioso entre a deficiência de zinco e a ocorrência de diarreia. Porquanto, ela provoca perdas intestinais deste mineral, fato que associado a uma dieta deficiente resulta em baixos teores séricos o que, por conseguinte, acaba por agravar ainda mais o quadro diarreico. Além dos motivos acima expostos, este agravo está relacionado com o papel do zinco na síntese da vitamina A, também envolvida na prevenção da diarreia.




        A hipovitaminose A causada pela carência de zinco faz que crianças com diarreia aguda ou persistente possam desenvolver rapidamente lesões oculares como, por exemplo, xeroftalmia. “Essa deficiência (de vitamina A) mesmo na forma subclínica, causa aumento de morbimortalidade infantil em função de um aumento no número de casos de infecção respiratória e de um aumento da gravidade dos episódios de diarreia.” ¹

       Estima-se que uma a cada três crianças no mundo sofram deficiência de algum micronutriente. O que as tornam mais propensas a apresentar patologias concomitantes, como a diarreia. Essas crianças habitam principalmente “áreas de baixo nível socioeconômico, tanto na área urbana quanto na rural, são deficientes marginais de micronutrientes, impossibilitadas de alcançar os seus potenciais físicos e mentais.” ²



Referências: