o passado, as condições
sanitárias inadequadas das cidades e o desconhecimento da etiologia das doenças
infecciosas por parte da sociedade, fizeram que grandes epidemias assolassem as
noções, dizimando suas populações e, por conseguinte, limitando os seus
crescimentos demográficos. Hoje, a despeito dos grandes avanços científicos e
tecnológicos, essa ainda é uma realidade vigente em certas regiões do mundo.
A Organização Mundial de
Saúde (OMS) considera o saneamento básico precário como um fator prevalente no
rol de agentes que ameaçam a saúde humana. Sendo esse, portanto, um problema de
saúde pública, visto que o saneamento básico de qualidade reduz drasticamente a
exposição da sociedade a vetores patológicos, o que, evidentemente, previne
doenças e eleva a qualidade de vida da população.
Conquanto seja um problema
presente em diversas regiões do mundo e afete pessoas de todas as classes
sociais, a falta de saneamento básico está fortemente associada a países em
desenvolvimento e à pobreza. Tendo em vista que os problemas que dela decorrem
afetam, principalmente, a parcela da população de baixa renda que está mais
vulnerável por se encontrar em estado de subnutrição e, muitas vezes, por falta
de condições, possuir uma higiene inadequada.
São inúmeras as doenças vinculadas
à falta de saneamento, dentre elas destaca-se a diarreia, uma doença de fácil
prevenção, mas que ainda causa milhões de mortes todos os anos. Estima-se que
dois milhões de crianças ao redor do mundo morram vítimas de diarreia, sendo
essa a terceira maior causa de morte em crianças menores de cinco anos nos
países mais pobres. E ao se somar esse número ao de mortes das demais faixas
etárias, se obtém um total semelhante ao de óbitos anuais por AIDS, que é estimado
em 2,1 milhões.
O estudo “Esgotamento
Sanitário Inadequado e Impactos na Saúde da População”, divulgado pelo
instituto Trata Brasil em 2013, reitera a existência da associação entre o
saneamento básico precário, pobreza e índices de internação por diarreia.
Ademais, revela que as diarreias correspondem a mais de 50% das doenças
relacionadas a saneamento básico inadequado no Brasil.
Diversos exemplos podem corroborar essa pesquisa. No
Amazonas, em março deste ano, cerca de 100 moradores de Nova Olinda do Norte –
comunidade ribeirinha a 135 km de Manaus – foram diagnosticados com diarreia após ingerirem água contaminada por dejetos da cheia.
Em Alagoas, só este ano, mais de 50 pessoas morreram vítimas
de diarreia. Pessoas que devido à falta de outras reservas, foram
obrigadas a ingerirem água com qualidade incompatível com o consumo humano, e
frequentemente contaminada.
A diarreia pode se dá por
meio da contaminação com agentes patológicos como vírus, bactérias e parasitas.
Compreender as diversas etiologias das diarreias é importante para que se possa
identificar e diferenciar aquelas formas potencialmente graves, com risco de
morte, daquelas mais benignas, auto limitadas. E assim, utilizar o tratamento
mais indicado. Nos países em desenvolvimento, os agentes bacterianos possuem
maior relevância devido às condições de higiene e saneamento básico da
população. Enquanto que, nos países industrializados, os agentes virais são os
principais contaminadores.
Existem quatro principais mecanismos que alteram a fisiologia
intestinal e podem provocar a diarreia,
são eles:
- Aumento na secreção de
líquidos e eletrólitos, principalmente no intestino delgado;
- Absorção diminuída de líquidos e eletrólitos, envolvendo o
intestino delgado e cólon;
- Aumento na osmolaridade
- Distúrbios da motilidade
Nas próximas
postagens, iniciaremos uma discussão mais aprofundada dos mecanismos de
contaminação, bem como as alterações bioquímicas que esses agentes patológicos
provocam no organismo humano.
Referências: